Rui Cóias
Legge dal canto terzo dell’Inferno le terzine che gli studenti riportavano sulla porta dell’aula dell’Università di Coimbra, dove sostenevano gli esami di diritto con un professore particolarmente severo. Lui era tra quegli studenti.
(Inferno, Canto III, 07 a 09)
Dinanzi a me non fuor cose create
se non etterne, e io etterno duro.
Lasciate ogne speranza, voi ch’intrate
Commento
Ho scelto questa TERZINA dal CANTO III, dell'INFERNO, della Divina Commedia di Dante, per motivi legati alla mia vita. Per qualcosa che è legato al Tempo, e alla transizione, effettivamente con una sorta di passaggio tra una vita e un'altra vita.
Nella Divina Commedia, che è un viaggio, basato su teorie cosmologiche, filosofiche e teologiche medievali, la continuità, la concezione del Tempo e il movimento sono evidenti.
Quando studiavo Diritto a Coimbra, un’università classica, conservatrice, austera, una delle più antiche d'Europa, come Bologna, c'era una disciplina chiamata "Diritti di proprietà", in portoghese "Direito das Coisas", che era insegnata da un grande professore e maestro di diritto: il professor Orlando de Carvalho. Un grande uomo, una mente brillante, con una vasta cultura, che era anche scrittore poeta. Era un professore rigoroso. Tutti avevamo paura di lui.
Nella sua aula, quando presiedeva gli esami, noi studenti affiggevamo all'ingresso della porta queste stesse parole del CANTO III dell’ INFERNO di Dante:
- "deixai toda esperança, ó vós que entrais".
Infatti, entrati in quell'aula fredda, claustrale e vuota, era quasi come se avessimo perso la speranza di fronte al professor Orlando de Carvalho. Era come se anche noi stessimo passando da una vita all'altra. Avevamo paura. Non l'ho mai dimenticato. Ecco perché questa TERZINA di Dante è così importante e eccezionale per me, così come per molti studenti di legge che hanno studiato a Coimbra.
In questa parte de La Divina Comedia, all'inizio del viaggio, Dante si trova in una selva oscura, associata all'esilio. Lì appare un'anima che, identificandosi come Virgílio, si presenta come sua guida. Accettando la proposta del viaggio, Dante arriva alle porte dell'INFERNO, dove vede un messaggio:
"deixai toda esperança, ó vós que entrais" (Inf. III, 9).
("lasciate ogne speranza, voi ch'entrate").
Questa parola è scritta in cima al portale che i pellegrini attraversano, indicando che l'Inferno è un luogo senza speranza. Anche se c'è movimento, c'è sempre la sensazione del presente, dell'eternità. Non c'è passato o futuro. I versi iscritti sul portale di INFERNO annunciano l'eternità. Cioè, la sua creazione non è iscritta nella temporalità, ma nell'eternità. Il portale separa la vita temporale dalla vita eterna. Questo verso dovrebbe quindi rivelare il momento del passaggio tra una vita e l'altra: "lasciate ogne speranza, voi ch'entrate" - Il passaggio tra la temporalità e l'eternità fatto dalla perdita della speranza.
Quando l'uomo cessa di esistere, perde la speranza. Così, la morte pone fine alla vita nella misura in cui toglie all'uomo la possibilità della speranza.
Dante, attraversando l'eternità, scopre il proprio tempo, ovvero il carattere provvisorio della vita. Come l'abbiamo scoperto anche noi, a Coimbra, nelle aule, quando era tutto finito e dovevamo partire, e dire addio alla nostra gioventù.
Antes de mim, não foi criada coisa
senão eterna, e eu eterna duro:
deixai toda esperança, ó vós que entrais.
(Inferno, Canto III, 07 a 09)
I chose this TERCETO from CANTO III, of INFERNO, from Dante's The Divine Comedy, for reasons related to my life. For something that is related to Time, and to the transition, effectively with a kind of passage between one life and another life.
In Divine Comedy, which is a journey, based on medieval cosmological, philosophical and theological theories, continuity, the conception of Time, and movement are evident.
When I was studying Law in Coimbra, a classic, conservative, austere college, one of the oldest in Europe, like Bologna, there was a discipline called “Property Rights”, in portuguese “Direito das Coisas”, which was taught by a great Professor and Master of Law: the Professor Orlando de Carvalho. A great man, a brilliant, mind, with a vast culture, also a writer and a poet. He was also a rigorous Professor. We were all afraid of him.
In his classroom, when he was taking exams, we the students posted these same words from Dante's CANTO III, of INFERNO, at the door entrance:
— “deixai toda esperança, ó vós que entrais.”
In fact, we entered that cold, claustral, empty classroom, and it was almost as if we lost hope when facing the Professor Orlando de Carvalho. It was as if we were also moving from one life to another. We were afraid. I never forgot this. That is why this TERCETO by Dante is so important and remarkable for me, as well as for many law students who studied in Coimbra.
In this part of La Divina Comedia, at the beginning of the trip, Dante finds himself in a dark forest, associated with exile. There a soul appears who, identifying himself as Virgílio, presents himself as his guide. Upon accepting the proposal of the trip, Dante arrives at the portal of INFERNO, where he sees a message:
“deixai toda esperança, ó vós que entrais” (Inf. III, 9).
(“lasciate ogne speranza, voi ch’entrate”.)
This words is written at the top of the portal that pilgrims pass through, indicating that Hell is a place of hopelessness. Although there is movement, there is always the feeling of the present, of eternity. There is no past or future. The verses inscribed on the portal of INFERNO announce eternity. That is, its creation is not inscribed in temporality, but in eternity. The portal separates temporal life from eternal life. This verse should then reveal the moment of the transition between one life and another: "lasciate ogni speranza, voi ch’entrate” - The passage between temporality and eternity made by the loss of hope.
When man ceases to exist, he loses hope. Thus, death ends life to the extent that it removes the possibility of hope from man.
Dante, from crossing eternity, discovers his own time, or rather, the provisional character of life. Like we discovered it also, in Coimbra, in the classrooms, when it was all over and we had to leave, and say farewell to our youth.
Escolhi este TERCETO do CANTO III, do INFERNO, de A Divina Comédia, de Dante, por razões relacionadas com a minha vida. Por algo que está relacionado com o Tempo, e com a transição, efectivamente com uma espécie de passagem entre uma vida e outra vida.
Na Divina Comédia, que é uma viagem, baseada nas teorias cosmológicas, filosóficas e teológicas medievais, é evidente a continuidade, a concepção do Tempo, e do movimento.
Quando eu estudava Direito em Coimbra, uma faculdade clássica, conservadora, austera, uma das mais antigas da Europa, como Bolonha, existia uma disciplina chamada “Direitos de Propriedade”, que era ensinada por um grande Professor e Mestre do Direito: o Professor Orlando de Carvalho. Um grande homem, uma mente genial, brilhante, de uma cultura vastíssima, também escritor e poeta. Era também um Professor rigorosissímo. Todos tínhamos medo dele.
Na sua sala de aula, quando ele fazia exames, os alunos afixavam à entrada da Porta da Sala estas mesmas palavras deste CANTO III do INFERNO, de Dante:
“Deixai toda esperança ó vós que entrais.”
Na verdade, nós entrávamos naquela sala de aula fria, claustral, vazia, e era quase como se perdêssemos a esperança, ao enfrentar o Professor Orlando de Carvalho. Era como se passássemos também de uma vida para outra vida. Tínhamos medo. Nunca mais esqueci isto.
Por isso este TERCETO de Dante é tão importante e marcante para mim, assim como para muitos alunos de Direito que estudaram em Coimbra.
Ora, nesta parte da Divida Comédia, no começo da viagem, Dante encontra-se numa floresta escura, associada ao exílio. Aí aparece uma alma que, identificando-se como Virgílio, apresenta-se como o seu guia. Ao aceitar a proposta da viagem, Dante chega ao portal do INFERNO, onde vê uma mensagem:
“Deixai toda esperança ó vós que entrais” (Inf. III, 9).
Esta mensagem está escrita no alto do portal que os peregrinos atravessam, indicando que o Inferno é um local de desesperança. Embora haja movimento, há sempre a sensação do agora, do presente, da eternidade. Não há passado nem futuro. Os versos inscritos no portal do INFERNO anunciam a eternidade. Isto é, a sua criação não se inscreve na temporalidade, mas na eternidade.O portal separa a vida temporal da vida eterna. Este verso deverá revelar então o momento da passagem entre uma vida e outra: “Deixai toda esperança o vós que entrais.” — A passagem entre a temporalidade e a eternidade feita pela perda da esperança.
O homem quando deixa de existir perde a esperança. Assim, a morte encerra a vida na medida em que retira do homem a possibilidade da esperança.
Dante, a partir da travessia pela eternidade, descobre o próprio tempo, ou melhor, o carácter provisório da vida. Assim como nós, em Coimbra, nas salas de aula, e na juventude, quando tudo terminava e tínhamos que partir, o descobríamos também.
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